SIMPÓSIO NACIONAL REVISITA HISTÓRIA E DISCOGRAFIA DO KUDURO EM LUANDA

Académicos, artistas e entusiastas reuniram-se esta semana em Luanda para um simpósio dedicado a debater a história e a discografia do kuduro, género musical nascido nos bairros populares da capital que se projectou internacionalmente.

O encontro, promovido com o objectivo de sistematizar o percurso do kuduro nos estudos culturais angolanos, abordou temas que vão desde a sua génese como dança de rua até à evolução das primeiras batidas gravadas, procurando consolidar formalmente a memória cultural deste movimento. As discussões recuaram ao período inicial de formação do género entre 1982 e 1983  descrito como um momento de fervor dançante nos terraços, ginásios e praças de Luanda. Figuras como Paulo Kumba, Elvis, João Diksone Pataca foram apontadas como protagonistas na definição da coreografia dessa nova expressão urbana. A influência de estilos como a cabetula e a vaiola, popularizados por grupos como Originais da Cabetula e artistas como Beto Kiala, Pedruce, Cifoxi e Zé Vaiola, também foi destacada como determinante na estética do kuduro.

A vertente discográfica teve igual atenção. Foram lembrados sucessos seminais como Jacobino (1998) e Felicidade (1999), bem como composições anteriores como Dance, Dance K’dance Van Dame (1994), Ambakuduro (1994), Muadiakimi Kuduro (1995), Mongoloi (1997) e Feijão Duro (1997). Estes trabalhos, produzidos e divulgados em contextos marcados por dificuldades económicas, ajudaram a moldar a identidade sonora do kuduro. Para além do resgate histórico, o simpósio defendeu a criação de ferramentas de preservação, incluindo um arquivo digital, um website especializado e iniciativas de documentação oral com testemunhos de artistas e produtores, com o propósito de consolidar o kuduro como património cultural contemporâneo de Angola.