ACTORES DE HOLLYWOOD PODEM ENTRAR EM GREVE
O sindicato, que representa mais de 160 mil actores e apresentadores de cinema, rádio e televisão de Hollywood, decidiu entrar em greve, se não conseguir um novo acordo com os estúdios até 30 deste mês.
A decisão foi ratificada na segunda-feira à noite por 98% dos cerca de 65 mil votos e as negociações começaram na quarta-feira, entre o sindicato SAG-AFTRA e a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), que representa os estúdios da Netflix, Amazon, Apple, Disney, Warner Bros. Discovery, NBC Universal, Paramount e Sony.
As reivindicações dos actores são semelhantes às dos argumentistas, que entraram na sexta semana de greve, após o sindicato do Writers Guild of America (WGA) ter falhado um acordo remuneratório com os produtores de cinema e televisão.
Os actores, muitos dos quais demonstraram apoio aos argumentistas na sua luta com os grandes estúdios, pedem também uma melhoria nas condições de trabalho e nos salários, que consideram estarem desajustados face à inflação e ao crescente papel das plataformas de ‘streaming’.
Além disso, os actores demonstraram preocupação com o uso de imagens geradas por inteligência artificial e com a gestão dos direitos de voz e imagem.
A última vez que os actores de Hollywood entraram em greve foi no ano 2000.
Já no que toca aos argumentistas, a última greve que o sindicato fez foi em 2007 e durou mais de um mês, resultando num prejuízo de 2,1 mil milhões de dólares para a indústria audiovisual norte-americana e no despedimento de 37 mil profissionais.
O WGA exige cerca de 600 milhões de dólares em aumentos salariais e outros benefícios para os argumentistas, como a compensação que um membro da equipa recebe sempre que o produto volta a ser transmitido na televisão e que, segundo a organização, tem sido reduzida pelas plataformas de ‘streaming’.
A greve foi determinada após o falhanço das conversações entre o sindicato, que representa 11.500 argumentistas, e a AMPTP.
O WGA pede aumentos de 5% e 6%, mais argumentistas para cada produção, um mínimo de 10 semanas de emprego por ano, limites à utilização de inteligência artificial na escrita de guiões e uma renegociação dos pagamentos residuais no ‘streaming’.
O sindicato calculou que este pacote aumenta em 429 milhões de dólares os pagamentos anuais. A contraproposta dos estúdios vale apenas 86 milhões de dólares.
Os efeitos da greve dos argumentistas já se estavam a fazer sentir na indústria, obrigando à suspensão da produção de séries como “Stranger Things”, “Cobra Kai” ou “The Last of Us”.
Uma eventual greve dos actores pode complicar ainda mais o desenvolvimento de novas produções em Hollywood.