MÚSICO BONGA AFIRMA QUE ANGOLA DEVIA “RECUAR PARA MELHOR AVANÇAR”

“Recuar para melhor avançar”
O músico angolano Bonga, que receberá este ano uma condecoração oficial, considera que o país devia “recuar para melhor avançar” e, nesse caminho, não contar com os mesmos, mas com outros que tenham têmpera e que recuperem o angolano de ontem.
Em entrevista à Lusa na cidade alentejana de Sines, onde esteve para actuar no Festival Músicas do Mundo, o músico de quase 83 anos partilhou que Angola gostava de ver, 50 anos depois da independência.
“Como nós começámos mal, temos que dizer que vamos recuar para melhor avançar. E melhor avançar não é contar com os mesmos que já nos fizeram mal. Têm que contar com outros que tenham têmpera”, disse.
“Estamo-nos a acobardar demais, tem que haver aquele angolano de ontem, ousado, perspicaz, respeitoso, verdadeiro. Angolano, sem complexos. A gravata não é o mais importante. Os cursos tirados também não são importantes, senhor doutor, senhor engenheiro”, criticou.
À beira de completar 83 anos, José Adelino Barceló de Carvalho, mais conhecido como Bonga, vai ser condecorado no âmbito das celebrações dos 50 anos da independência de Angola pelo Presidente da República angolano, João Lourenço, que hoje iniciou uma visita oficial de dois dias a Portugal.