REALIZADORA SARAH MALDOROR HOMENAGEADA EM EXPOSIÇÃO
A exposição “Sarah Maldoror: Cinema Tricontinental”, estrá aberta ao público nesta sexta-feira, no Palácio de Ferro.
Denominada “Sarah Maldoror: Cinema Tricontinental”, com curadoria de François Piron e Annouchka de Andrade, a exposição é uma iniciativa da Associação de Amigos de Sarah Maldoror & Mário de Andrade, em parceria com o Ministério da Cultura e Turismo, a Embaixada de França, a Fundação BAI e Academia BAI e o Camões – Centro Cultural Português.
A exposição celebra e reconhece um ícone que foi pioneira em apresentar na cena internacional a luta do povo angolano pela sua independência usando o cinema como uma arma de combate. De acordo com uma nota chegada à redacção do Jornal de Angola, a mostra “Sarah Maldoror: Cinema Tricontinental”, explica que é pela primeira vez que o trabalho da cineasta francesa Sarah Maldoror é apresentado no continente africano.
Depois de passar pelo Palais de Tokyo, em Paris, e Torreão Nascente da Cordoaria Nacional em Lisboa, a exposição “propõe e oferece uma deambulação numa paisagem com efeito, aqui, uma paisagem de filmes misturando imagens animadas, documentos, correspondências, fotografias e poesia”.
Um espaço será dedicado, especialmente à ligação que a cineasta estabeleceu com Angola através do testemunho de duas personalidades emblemáticas deste país, o escritor Luandino Vieira e, sobretudo, o intelectual e político Mário Pinto de Andrade, seu companheiro de toda a vida.
À margem da exposição, estão a ser realizadas uma série de actividades como, duas aulas online e presenciais ministradas por especialistas em diversas áreas. Uma mesa-redonda sobre o legado cinematográfico da realizadora para as futuras gerações realizou-se, segunda-feira, no Camões – Centro Cultural Português. Estão previstos, igualmente, a realização de exibições de filmes na Academia BAI e visitas dirigidas para crianças e adolescentes, no Palácio de Ferro durante o mês de Maio.
Com mais de 45 filmes de todos os géneros, as suas produções não “obedecem” completamente os géneros cinematográficos como o documentário, ficção, retrato, paisagem, entre outros.
Todos eles se assemelham no cuidado que demonstram em colocar a poesia à frente do discurso, em combater o preconceito e o racismo e nunca sacrificar a experiência quotidiana da vida das pessoas em prol das ideias, numa ética que a própria encarnou até a sua morte, na Primavera de 2020.
Obras de artistas angolanos como Ana Silva, Mónica de Miranda, Francisco Van- Dúnem (VAN) e Francisco Vidal, também, fazem parte da mostra e elas, de certa forma, são convidadas a dialogar com os filmes de Sarah Maldoror. Mas, isso não é tudo. Um série de máscaras de diferentes grupos e etnolinguísticos e culturais angolanos, artefactos e acessórios de carnaval, desde os mais antigos até aos mais recentes, serão expostos em ressonância estética e interpretativa com fases da vida de Sarah Maldoror, em que ela interessou-se por estas produções materiais e reflectiu sobre elas, nos seus filmes.
No dia de ontem, aconteceu no auditório da Academia BAI uma Master Class (aulas online e presenciais ministradas por especialistas em diversos saber), sobre “Como Filmar Festas Populares.”
Como oradores foram convidados no curador de Palais de Tokyo, em Paris, François Piron, a presidente da Associação dos Amigos de Sarah Maldoror e Mário de Andrade, Annouchka de Andrade.
A Master Class foi antecedida da exibição do filme “Carnaval da Guiné-Bissau”, uma curta-metragem de Sarah Maldoror que retrata o Carnaval neste país. O evento foi gratuito e teve a apresentação do historiador angolano, Adriano Mixinge.
Na segunda mesa redonda ” O legado cinematográfico de Sarah Maldoror” com as participações de Marissa Moormann, Miguel Hurst, Suzana Sousa e José Luís Mendonça com a moderação de Ngoi Salucombo, acontece no dia 15 de Maio. Em homenagem a realizadora Sarah Maldoror já foram realizados outros encontros na capital do país como “Sarah Maldoror, uma voz poética e política para a emancipação”, actividades realizadas no Camões – Centro Cultural Português, com a participação do curador François Piron.
Sarah Maldoror nasceu em 1929 no Sudoeste de França. Emerge na cena cultural parisiense em meados da década de 1950, escolhendo o nome adoptado de Maldoror em alusão ao herói maléfico dos Cantos de Maldoror (1868) do Conde de Lautréamont. Nos anos 50, em Paris cofundou a primeira companhia de teatro negro em França: LesGriots.
A filmografia de Sarah Maldoror é prolífica e diversificada, incluindo mais de 40 filmes de ficção e documentários rodados em África, na Europa e nas Caraíbas. Produziu filmes como “Sambizanga”, em 1972 e “Monangambé”, de1968.