RITOS TRADICIONAIS PARA VIÚVAS DA ÁFRICA SUBSAARIANA
Assim que a mulher perde o marido é forçada a realizar todas as regras impostas por tradições de seu povo ou tribo. Cada povo ou tribo da África Subsaariana possui seus próprios rituais para viúva.
Existe vários rituais para mulher viúva na África, e existem mulheres (pouquíssimas) que não aceitam estes rituais, como é o caso da história conhecidíssima da Leonie, uma viúva cristã que se recusou a participar de rituais tradicionais em sua tribo, na República Centro-Africana.
Exemplo de ritos para viúvas realizadas em outras áreas da África Subsaariana:
Comunidade Gbadjiri, da República Centro-Africana:
A viúva é privada de refeições, água, roupas confortáveis e contacto com o mundo exterior por um longo período. Ela é presa em um quarto onde deve olhar para a parede. Se precisar sair de casa, para ir ao banheiro, por exemplo, ela deve pagar uma taxa para que aqueles que a estão vigiando possam “facilitar” isso de acontecer. Durante todo o período de luto, ela deve dormir em folhas de arbusto ou em um tapete. As refeições são simples e desprovidas de qualquer luxo. A viúva não tem permissão para cumprimentar ou olhar nos olhos de ninguém.
Quando o tempo designado por seus guardadores chegar, depois que um marido tiver sido escolhido, o banho ritual é planejado. A família do falecido paga uma quantia de dinheiro, como uma multa, antes do ritual começar. Eles trazem a viúva para a beira de qualquer lugar com água, bem cedo de manhã. Ela é baixada até a água e lavada. Então é levada para a casa do novo marido. Seus supervisores pegam a mão dela para introduzi-la às tarefas domésticas, como uma permissão para voltar à vida normal. Acredita-se que recusar o ritual deixa a viúva com uma loucura incurável.
Povo Yaka, na República Democrática do Congo:
A família do falecido marido deve organizar o funeral. A viúva é despojada de tudo o que tem, incluindo suas roupas. Ela veste o que os vizinhos ou sua própria família dão, sempre roupas pretas. Ela deve raspar o cabelo e um pouco de pimenta é colocado nos olhos para que possa chorar sempre. Ela senta no chão até o marido ser enterrado. Após um período determinado, ela é lavada no rio para que, quando ela se casar novamente, sua viuvez não se repita.
Neste momento, as roupas de viúva são removidas como sinal que a morte foi removida dela. Às vezes, a viúva é considerada uma bruxa e não pode participar do funeral do marido. A viúva deve casar com o irmão do marido, mesmo se este já for casado, ou então enfrentar o banimento. A recusa pode ser também um convite para ameaças dos parentes do marido e a perda de seus pertences.
Povo Moudang, no Chade:
Se a mulher está ao lado da cama do marido quando ele morre, ela deve permanecer lá até os pais trazerem um tapete muito pequeno para ela se sentar. A viúva é despida e apenas as partes íntimas são cobertas. Além disso, ela veste sapatos de couro. Duas cabaças brancas são colocadas ao lado dela, uma para beber água e outra para comer. A viúva permanece lá por três dias sem tomar banho. Ela não pode falar com ninguém, exceto com a pessoa que está cuidando dela. O cabelo é raspado e ela permanece no tapete por três meses. O novo marido tira as roupas de luto, depois de uma cerimônia. A viúva não tem direito de recusar. Se o fizer, tudo, incluindo os filhos, são tirados dela, além de ser expulsa. No caso de viúvas cristãs, pastores geralmente intervém e defendem a mulher para continuar na casa do falecido marido com as crianças. Mas os sogros com frequência reivindicam um pagamento pelo dote, já que ele encorajou a mulher a não casar.
Tribo Saramadjingaye, no Chade:
Há rituais parecidos, proibindo a viúva de usar qualquer ajuda financeira oferecida a ela enquanto está de luto. Se fizer ou comer refeições preparadas por conta do funeral, espera-se que ela fique doente e morra em alguns anos. Para evitar isso, ela deve ser banhada em um ritual.