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“SEMANA DE HOMENAGEM” A VIRIATO DA CRUZ ABRE HOJE

 “SEMANA DE HOMENAGEM” A VIRIATO DA CRUZ ABRE HOJE

Semana de Homenagem a Viriato da Cruz

O Centro de Estudos Africanos (CEA) da Universidade Católica de Angola abre hoje, no auditório Michael Lemoyne Kennedy da instituição universitária, uma Semana de Homenagem a Viriato da Cruz, para assinalar os 50 anos da sua morte, ocorrida em Pequim, a 13 de Junho de 1973.

De acordo com o director do CEA, Nelson Pestana “Bonavena”, o objectivo é rememorá-lo através das mais variadas modalidades do testemunho, e, sobretudo, de proporcionar um espaço de reflexão crítica acerca do seu engajamento cultural, da sua obra poética e do seu pensamento e da sua acção política, contribuindo, assim, para uma discussão plural sobre o lugar do seu legado na Angola de hoje e de amanhã.

Justifica ainda que Viriato da Cruz reúne, numa única personalidade, as principais facetas do homem público do seu tempo, a saber: a do activista cultural animado pelo brado “Vamos descobrir Angola!”, a do poeta da chamada “Geração da Mensagem” e a do militante do movimento nacionalista angolano tardio. Acrescido o facto de ter desempenhado o papel de ideólogo e dirigente no contexto de todas elas, essas múltiplas facetas fazem de Viriato da Cruz uma das personalidades mais emblemáticas, tanto quanto controvertidas, da história angolana contemporânea.

Esta Semana de Homenagem, que conta com a participação de docentes, investigadores, políticos, produtores de arte, agentes culturais, estudantes, entre outros actores, inclui um conjunto de actividades de cariz académico, artístico-cultural, cívico e religioso a decorrer ao longo da semana.

A sessão de abertura das actividades, que ocorre hoje, no auditório Michael Lemoyne Kennedy da Universidade Católica de Angola, prevê um discurso da reitora da UCAN, Irmã Maria da Assunção e apresentação dos objectivos e do programa da Semana de Homenagem pelo director do CEA-UCAN, Nelson Pestana.

Seguir-se-á então um momento de declamação de poesia com Amélia da Lomba, José Luís Mendonça e Kátia Santos e trova. Ainda no primeiro dia, um dos momentos mais esperados é o lançamento dos livros Viriato da Cruz: Obra Máxima I e II, editados pela Imprensa Nacional, e cuja apresentação caberá aos responsáveis do CEA-UCAN, organizadores da obra. É neste momento que está reservado igualmente a intervenção da filha de Viriato da Cruz (autor), Marília da Cruz. Segue-se ainda a inauguração da Exposição Fotográfica e Documental de Viriato da Cruz pela reitora da UCAN, Irmã Maria da Assunção.

Amanhã, o auditório Michael Lemoyne Kennedy acolhe uma Conferência Internacional, cuja abertura caberá ao vice-reitor para Investigação Científica da UCAN, padre Jerónimo Cahinga. Segundo o programa, o primeiro painel intitulado “Viriato da Cruz: o poeta”, que conta com a moderação de Hélder Simba (do ISCED-Luanda), tem como prelectores Francisco Soares (UÉ-Portugal), Osvaldo da Silva (UCAN-Angola) e João Trindade (UAN-Angola). Já o segundo painel “Viriato da Cruz: o activista cultural, o pensador político e o dirigente nacionalista”, que conta com a moderação de Eduardo Sassa (UCAN-Angola), tem como prelectores Gilson Lázaro (UAN e UCAN-Angola) Regina Queiroz (UL-Portugal) e Nelson Pestana (UCAN-Angola). Depois da sessão de perguntas e respostas, e do intervalo dos trabalhos do dia, segue-se o terceiro painel “Depoimentos sobre Viriato da Cruz”, cuja moderação caberá a Cláudio Fortuna (investigador na UCAN), e deve contar com as intervenções de Carlos Serrano, Amadeu Amorim, Augusto Caetano João e António Cortez.

Da vasta programação consta, também, um mini-curso sobre a obra poética e o pensamento político de Viriato da Cruz, que decorre, quarta-feira,  no edifício Michael Lemoyne Kennedy, e terá dois módulos, nomeadamente, “a obra poética de Viriato da Cruz” a ser ministrado por Francisco Soares, UÉ-Portugal e “o pensamento político de Viriato da Cruz” a ser ministrado por Nelson Pestana.

Entretanto, para marcar a semana de homenagem a Viriato da Cruz, o jornal Cultura deu destaque a essa importante figura da história contemporânea de Angola na sua edição da passada quarta-feira, 7 de Junho, contando com artigos de Abreu Paxe, Jacques Arlindo dos Santos, Jerónimo Belo, José Venâncio, Nelson Pestana (Bonavena), Maria T. Salgado Guimarães, Regina Maria da Cruz Queiroz e textos inéditos de Viriato da Cruz. Entre os textos inéditos de Viriato da Cruz trazidos pela publicação constam “Apontamento sobre a Língua Portuguesa”, “Nota sobre o processus de formação da nação angolana” e a “Primeira impressão sobre a China”, além de um poema do autor de “Makézú”.

Considerado um dos expoentes máximos da poesia angolana, Viriato Francisco Clemente da Cruz nasceu no Porto Amboim, Cuanza-Sul, a 25 de Março de 1928 e morreu em Pequim a 13 de Junho de 1973. Em 1948, lança o mote “Vamos Descobrir Angola”, época em que começou a frequentar a Associação dos Naturais de Angola (ANANGOLA) onde, com Higino Aires, António Jacinto e Mário António de Oliveira dirigia o sector cultural. Em 1951, foi editado o primeiro número da revista Mensagem e criado o Movimento dos Novos Intelectuais de Angola (MNIA).

Nos anos 1950 esteve em contacto com a movimentação anti-colonial clandestina em Luanda, incluindo o Partido Comunista Angolano (PCA), fundado naquela altura. Abandonou Angola por volta de 1957 para se dirigir a Paris onde se encontrou com Mário Pinto de Andrade, desenvolvendo actividades políticas e culturais.

Viriato da Cruz tem uma única obra editada, que, entretanto, lhe garantiu o digno lugar entre os expoentes máximos da poesia angolana, ao lado de Agostinho Neto e António Jacinto. Assim, com o livro “Poemas” (1961), o seu nome é referência em todas as antologias nacionais e estrangeiras de poesia africana. Vários dos seus poemas foram musicados e, até hoje, ecoam nos ouvidos do povo, com destaque para “Makézu” e “Namoro” na voz de Rui Mingas.

Visita à casa em que morou Viriato da Cruz

Na quinta-feira,   de acordo com o programa da Semana de Homenagem, segue-se uma visita à casa em que Viriato da Cruz viveu na Maianga, seguida da colocação de uma placa alusiva aos 50 anos da morte e deposição de flores na campa, no cemitério Alto das Cruzes. Ainda no mesmo dia, prevê-se uma sessão de trova, “spoken word” e teatro na praça da alimentação do Campus Palanca da UCAN, onde haverá encenação da peça “O Busto de Mao” pelo grupo da pastoral universitária da referida universidade. Já na sexta-feira, está prevista uma gala de homenagem no Praça de Alimentação da UCAN no Palanca.

Uma conferência nacional está agendada para sábado, no Instituto Superior Politécnico de Porto Amboim, que terá dois painéis, destacadamente, “Viriato da Cruz e a literatura angolana” e “Viriato da Cruz e o pensamento político angolano”. A Semana de Homenagem a Viriato da Cruz encerra assim no domingo, dia 18, com uma missa “in memoriam”, às 18h00, na Igreja do Carmo.

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