Rádio Muzangala

ACADÉMICOS DEBATEM EM LUANDA PERCURSO DO INDIGENATO À CIDADANIA

 ACADÉMICOS DEBATEM EM LUANDA PERCURSO DO INDIGENATO À CIDADANIA

Pelos Caminhos da História – do Indigenato à Cidadania

O Memorial Dr. António Agostinho Neto em Luanda será palco, amanhã, de um colóquio intitulado “Pelos Caminhos da História – do Indigenato à Cidadania”, em alusão ao Dia de África. A abertura do evento será feita pelo vice-governador da província de Luanda para o Sector Político e Social, Manuel Gonçalves.

O evento, que se inicia às 9h00, reunirá destacados académicos angolanos para discutir a trajectória histórica de Angola desde o regime do indigenato até a conquista da cidadania plena. António Fonseca, director do Memorial Dr. António Agostinho Neto, explicou ao Jornal de Angola que o colóquio abordará questões cruciais da história angolana e seus efeitos contemporâneos.

Entre os palestrantes confirmados estão Albino Carlos, que discutirá a imprensa e o nascimento do nacionalismo moderno em Angola, Palmira Tchipilica, autora de um livro sobre o indigenato, e Maria da Conceição Neto, que abordará o luso tropicalismo e a assimilação. Nsambu Vicente falará sobre as relações entre Angola e Portugal, Petelo Ne-Tava discorrerá sobre o poder tradicional no sistema colonial, e Osvaldo Mboko tratará da luta de libertação até a independência. A moderação ficará a cargo do professor Benjamim Fernando.

António Fonseca destacou a importância de revisitar e entender a história de Angola, afirmando que há um défice na recuperação dos valores tradicionais para a contemporaneidade. Ele ressaltou que, durante o regime colonial, a condição de indígena não conferia cidadania, a qual só era alcançada mediante a renúncia às práticas culturais ancestrais e a adopção completa da língua portuguesa.

O colóquio também tratará da aplicação da teoria luso tropicalista, que influenciou a última fase do regime colonial português. Fonseca destacou a proibição do uso das línguas indígenas pelo regime português em 1921, o que teve um impacto significativo na preservação das línguas nacionais.

Albino Carlos, um dos palestrantes, enfatizou a importância da imprensa angolana no surgimento do nacionalismo. Segundo ele, jornalistas como José de Fontes Pereira e Joaquim Dias Cordeiro da Mata foram fundamentais na propagação dos ideais independentistas e na resistência cultural contra a dominação colonial.

O evento faz parte de um projecto do Memorial Dr. António Agostinho Neto para promover a investigação científica e o trabalho artístico com a comunidade. As inscrições para o colóquio já estão encerradas, com 300 participantes confirmados, incluindo professores, investigadores e estudantes.

António Fonseca concluiu afirmando que a história de Angola deve ser compreendida em toda a sua complexidade para enfrentar os desafios da globalização, dominando as ciências e a língua portuguesa, mas sempre na condição de angolanos.

Rádio Muzangala

1 Comentário

  • Saudações,
    Reflectir sobre os caminhos da história: Do indigenato à cidadania, é nada mas do que abordar aspectos sociocultural, da nossa humilde história desde Angola dependente e independente. Logo o processo de colonização deverá ser o cerne da questão da discursividade, onde nós acreditamos que falar do indigenato- é nada mas do que falar de um povo autóctone, mais que infelizmente vai sofrer uma repressão do ponto de vista cultural, e quiçá politico por interferência colonial em particular o regime português após a ocupação dos espaços territoriais na sua efectiva colonização. Ao contrário do termo cidadania- segundo o dicionário entende-se, por qualidade ou direito de cidadão. Ou seja se olharmos para a ideia do que é cidadão; remeter-no-á, a um habitante de uma cidade. Natural de uma cidade, aquele que goza de direitos políticos e civis de um país. Em suma dizer que a tematização em painel é de extrema relevância de modo a classe estudantil, académicos e investigadores científicos e sociedade civil, discutirem e relacionarem assuntos a volta das relações sociais e humanas. Onde no nosso entender poderão todos analisar os aspectos a volta de uma abordagem de carácter “socio-cultutal”perfazendo o início da historicidade angolana na consumação das seguintes narrativas: colonização vs descolonização.
    Temos dito, bem haja!
    Rómulo Chende( Politólogo).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Relacionados

WP Radio
WP Radio
OFFLINE LIVE