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Monumentos e sítios marcam a herança histórica e sociocultural da Lunda-Norte

 Monumentos e sítios marcam a herança histórica e sociocultural da Lunda-Norte

Lunda-Norte conta com 6 edifícios e uma estação classificados a património nacional

A Lunda-Norte conta apenas com 6 edifícios e uma estação classificados a património nacional, dentre os vários identificados e alguns inventariados a nível da província.

Trata-se do edifício do Palácio do Governo Provincial, edifício dos Correios, Telégrafos e Telefones (CTT), edifício do Museu Regional do Dundo, Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Dundo, Missão do Sagrado Coração de Jesus de Musuku e a estação arqueológica de Mabala-Bala. Recentemente foi aprovado o projecto de Sona para ser elevada à categoria de património nacional.

O chefe de departamento da Cultura, José Maria Agostinho Uazeia, disse que a província conta também com monumentos e sítios já inventariados e em vias de classificação como o caso do monumento de Obelisco, Igreja de Santo António do Chitato, Acampamento e Centro de Primeiras Pesquisas Mineiras de Diamantes no Território de Angola e a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, de Lubalo.

José Maria Agostinho Uazeia referiu que, além destes monumentos, a província conta ainda com sítios importantes não inventariados, como o Riacho Musalala, lugar da descoberta das sete primeiras pedras de diamantes, Ilha de Kakuruba, no rio Chihumbu, Montanha do Nacando, Montanha do Nzagi, Gruta de Kanzar, Jardim Botânica Dr John Gossweiler, defronte a K-18, Jardim Climático Dr Carriço, zona da Pedreira, Cemitério Municipal do Kamatundo, Lagoa de Kacipindji, Regedoria de Ngulia Khama, Travessia do rio Lumunhi e Kundungulu, lugar da sepultura dos restos do rei Kassanje.

Outros sítios históricos importantes são os das batalhas de resistência contra a ocupação colonial, onde se destacam a Batalha de Kamavu, liderada pelo soba Nguvu de Kamavu, a Batalha de Musuku, dos povos Suku, a Batalha de Khelendende, liderada pelo soba Khelendende, a Batalha de Tchikhandama, liderada pelo soba Ngunza, as Batalhas de Luangue e Luchico, lideradas pelos sobas Xá-Quikunga e Kajinga, a Batalha do assalto ao Kapaia, liderada pelo soba Bunla-Bunla, Ataque ao Kajinga, na povoação de Kajinga, a Batalha e Resistencia no Lóvua, liderada pela povoação do Lóvua, assim como os Fortins  militares de Kawngula, de Xá-Quilonge,de Kwilu e de Kanzar.

O chefe de departamento da Cultura considerou a Lunda-Norte uma província rica em patrimônio histórico-cultural, que a sua preservação, conservação, inventariação e a restauração dos monumentos e sítios é um assunto que preocupa o sector da Cultura. Mas garantiu que os passos estão a ser dados para que se possa iniciar o processo de inventário.

José Maria Agostinho Uazeia mostrou-se preocupado com o estado actual dos monumentos e sítios, que apresentam níveis graves de degradação, o que pode resultar no desaparecimento total da herança cultural e uma mutilação irreversível da consciência histórica colectiva. “Certamente que os testemunhos destes patrimónios vão desaparecer nos próximos tempos, mas o desaparecimento dos monumentos e sítios seria irreparável”, disse.

Actualmente, o Museu do Dundo e o monumento de Obelisco e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Dundo são os únicos que ainda apresentam estruturas em melhores condições em relação aos outros monumentos e sítios, seguido da Igreja de Santo António do Chitato. Os restantes, estão em estado de degradação acentuado.

Classificados a património nacional

Dos monumentos classificados, destaca-se o Museu Regional do Dundo, localizado no centro da cidade, município do Chitato. É uma instituição pública de carácter científico-cultural, pluridisciplinar com  com­petência que lhe dá autonomia de investigação na área sociocultural Lunda Cokwe e outros povos da região Leste de Angola. É um complexo museológico, cujo acervo é constituído por colecções etnográficas, biológicas e arqueológicas.

As suas primeiras colecções, provenientes de campanhas sistemáticas e de colecções, foram exclusivamente etnográficas e o museu começou a ser chamado museu etnológico de 1936 a 1942. As colecções em alusão a este período encontravam-se expostas numa modesta habitação da Diamang, localizada nas proximidades da então Casa do Pessoal do Dundo. O acervo era preservado pelo etnólogo José Redinha, de nacionalidade portuguesa.

Monumento obelisco

É um edifício que se localiza na zona sul da cidade do Dundo, município do Chitato. Possui 19 metros de altura e é conhecido também como Praça de Pioneiros. É um monumento de um Obelisco, inaugurado aos 27 de Agosto de 1960, em homenagem aos heróis que trabalharam para a terra da Lunda, pela honra e glória da pátria e pela empresa diamantífera Diamang. As históricas inscrições são alusivas aos “extraordinários feitos dos portugueses” em Angola.

Tem uma forma de pirâmide na base. A sua construção é típica e nela está inserido uma técnica peculiar com quatro lados iguais, em cada um deles estampados dados informativos da história. No lado frontal está estampada a informação sobre a restauração de Angola em 1648. No lado lateral direito, está estampada a chegada dos portugueses ao Zaire em 1483. No  lado de trás está estampada a expedição portuguesa ao Muatxianvua-Pesquisas mineiras de Angola – em 1884, e no lado lateral esquerdo está estampada a fundação da companhia de pesquisa mineira de Angola, em 1912, primeiras pesquisas de diamantes 1912-1913 e fundação da companhia de diamantes de Angola, em 1917.

Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Dundo

Também se localiza na cidade do Dundo, no centro urbano,município do Chitato. O edifício possui 33 metros de cumprimento e 13,60 metros de largura e uma altura aproximada de 7 metros. Foi inaugurada aos 11 de Julho de 1937 pelo então Arcebispo de Angola e Congo, Dom Moisés Alves Pinho. É da mesma época do Museu Regional do Dundo. É o primeiro edifício construído como igreja, o seu aspecto arquitectónico é interessante e a sua forma assemelha-se a uma cruz deitada­ao chão.

 Missão do Sagrado Coração de Jesus de Musuku

Trata-se de um edifício localizado na zona rural da povoação de Musuku, na comuna do Luremo, município do Cuango. Fundado em 1899 pelo governo português, que decidiu fundar ali uma missão católica, tendo sido escolhida para isso a povoação de Luremo, no Musuku. No dia 24 de Julho de 1900 chegaram os primeiros missionários a Musuku. No dia 26 de Agosto do mesmo ano era benzida a primeira capela e residência missionária. Um internato para rapazes foi inaugurado em Junho de 1905. Um incêndio destruiu todas as frágeis residências, o que levou os missionários a construirem outras numa colina alguns quilómetros mais a Sul.

 Paróquia de Nossa Senhora de Fátima do Lubalo

É um edifício localizado na sede do município do Lubalo, possui 30 metros de cumprimento, 18 metros de largura e uma altura de 12 metros. Fundada em 1962, é único edifício na província da Lunda-Norte com um estilo arquitectónico  particularmente interessante, com uma forma que se assemelha a um triângulo-hexagonal, embora os lados não sejam iguais na totalidade. É  o primeiro edifício de médio porte construído no município de Lubalo.

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