Rádio Muzangala

CULTURA DOS BANTU É REFERÊNCIA NO LIVRO DE MAURÍCIO FRANCISCO CAETANO

 CULTURA DOS BANTU É REFERÊNCIA NO LIVRO DE MAURÍCIO FRANCISCO CAETANO

“Os Bantu na visão de Mafrano”

Usos e costumes dos Bantu é o foco do Volume II da colectânea do escritor Maurício Francisco Caetano, intitulada “Os Bantu na visão de Mafrano”, que já está disponível, desde terça-feira, em Luanda, para os investigadores, estudantes e os amantes da literatura angolana.

A obra, publicada na noite de terça-feira, no edifício Michael Lemony, da Universidade Católica de Angola (UCAN), no Largo das Escolas, na capital do país, a título póstumo, foi  apresentada pelo presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) e arcebispo de Saurimo, Dom José Manuel Imbamba.

Na ocasião, Dom Imbamba disse que é uma honra apresentar a obra, por ser um grande produto de leitura e de investigação com informações sobre a cultura nacional, acima de tudo a cultura dos povos Bantu.

Segundo o arcebispo de Saurimo, tudo o que falou no acto de apresentação sobre a riqueza cultural que o livro apresenta, “não é uma invenção, é uma verdade, porque está espelhado nos oitos capítulos da obra”.

 A cultura, disse, é o elemento chave da identidade de um povo, sendo um factor “que nos torna mais homens”.

Segundo Dom Manuel Imbamba, o homem é um diálogo artístico, com uma capacidade imaginária de transformar as coisas em arte, na visão de Mafrano, que sempre defendeu que o interior do homem é  a sua beleza.

Na óptica de Dom Manuel Imbamba,”Mafrano”, como também era conhecido Maurício Francisco Caetano nas lides literárias, tinha o “Jornal Apostolado”, da Igreja Católica, como grande veículo para informar a sociedade sobre a cultura Bantu, adiantando que sempre partilhou todo o seu conhecimento e saber, que adquiriu ao longo dos anos, para enriquecer a “nossa cultura”.

A data do lançamento da obra “Os Bantu na visão de Mafrano” coincidiu  com o 41º aniversário do falecimento do autor, ocorrido a 25 de Julho de 1982. O acto foi testemunhado por José Diogo Ventura,  de 94 anos, amigo de longa data de Mafrano, que na altura exerceu o cargo de chefe do Posto Sanitário Nokuta, na província de Cabinda, em 1954.

O II volume  do livro “Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias” tem temas de grande importância histórica, como o uso do telégrafo, o “ngolokele”, entre os povos bantu, desde tempos remotos, os topónimos bantu e a sua lenda, a ética nos gémeos Kimbundu, uma filosofia bantu sobre a morte, assim como a origem de vocábulos nos idiomas bantu, relatos de Cabinda, hábitos e crendices alimentares, entre outros temas sobre antropologia, arqueologia, etnografia e direito costumeiro.

A obra, continuidade do I volume, aborda pontos de contacto das lendas da civilização bantu com a mitologia clássica, construindo diálogos que fazem o leitor viajar por vários países, como a Alemanha, China, Estados Unidos da América, França, Itália, Portugal e muitas Reino Unido.

Maurício Caetano iniciou-se como colaborador do Jornal Independente “Angola Norte”, em Malanje, onde publicou um artigo sobre “O perfil metnográfico do negro Jinga”, em 1947, dedicado a Lázaro Manuel Dias, seu grande amigo e que chegou a ministro da Justiça da Angola independente.

Arlindo Laureano, um dos responsáveis da Perfil Criativa, editora que colocou a obra no mercado, disse que o livro é uma grande ferramenta para os estudantes, investigadores e amantes da literatura buscarem mais subsídios sobre a história dos Bantu em Angola e no mundo.

Um dos grandes objectivos da editora, conta, é divulgar obras com grande tendência histórica, para que as novas gerações conheçam um pouco da história do país.

Maurício Caetano foi director nacional de Impostos no Ministério das Finanças, até 1982, e membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA). Destacou-se como professor de Português e de Filosofia em vários estabelecimentos de ensino, nomeadamente no Liceu Ngola Kiluanji, Instituto Makarenko, Instituto Pio XII e no Instituto de Ciências Religiosas de Angola (ICRA).

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1 Comentário

  • Estudo – o mais possível – a sociedade e as características sóciopsicologicas, humanas e económicas de Angola, com o intuito de as compreender também na perspectiva filosófica.
    Seabra

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