LEGALIZE HOMENAGEADO PELO CONTRIBUTO À MÚSICA REGGAE
Com um reportório em que desfilaram temas do álbum “Deus Vive”, a homenagem a Legalize serviu para reviver Bob Marley e Peter Tosh, tendo o cantor transformado clássicos nacionais em reggae. Legalize, na noite de sábado, animou o projecto “Reggae and Dub”, no Bar dos Colossos, à Vila Alice, em Luanda.
A iniciativa foi do Colectivo “Loundjifolha Sound System”, que nesta edição decidiu homenagear um dos mais persistentes intérpretes do semba e reggae, Legalize, pela sua entrega na divulgação e promoção do reggae, particularmente a produção musical desse género a nível nacional.
O reconhecimento dos feitos do artista teve o ponto mais alto no final do concerto, com a outorga de um diploma e um quadro. Ngana Boba, membro da “Loundjifolha”, disse que a homenagem não aconteceu antes por questões de agenda e louvou a disponibilidade do artista para participar em eventos de reggae.
O artista, satisfeito, agradeceu produção, aos amigos e fãs que ajudaram a transformar o recinto – Colossos – num espaço de interacção entre membros e amantes da comunidade rasta, integrando diversos estratos da sociedade luandense.
Ras Sassa, responsável da NARA – Associação dos Amigos de Reggae de Angola, deu nota positiva à organização do concerto e espera que Legalize continue a trabalhar e a produzir o estilo que ele apostou no disco de estreia.
Para demonstrar a sua personalidade “reggaeman”, Legalize teve que reviver e ressuscitar o disco “Deus Vive”, embora seja famoso pelos amantes do estilo – reggae – é desconhecido pela maioria dos admiradores que ouvem este som. O cantor é mais reconhecido pelas músicas no género semba, rumba angolano e outros ritmos nacionais, e nas versões (interpretações) que faz das músicas de artistas consagrados da nossa praça.
Temas de Bob Marley e Peter Tosh, expoentes máximos do reggae mundial, também constaram nas propostas do concerto e das novidades musicais. Interpretou “Salva-me e ajuda”, “Kisuku” e “Marijuana” em parceria com Masta Kaya e Loromance.
Legalize criou a Banda África com Teddy Nsingui e Correia Miguel, instrumentistas de peso da música angolana, tendo demonstrado têm grandes afinidades com o reggae. Mestre Teddy evidenciou-se nos conhecidos solos de Júnior Marvin e deu o seu toque de requinte no que foi registado em “Deus Vive” por Zé Mueleputo. Correia, nas congas, também não brincou em serviço e conseguiu a batida da percussão jamaicana.
Com a Banda África, o músico apostou em nomes que por esforço próprio estão a impôr-se no mercado. Nos teclados, teve Roque, na guitarra ritmo Gilson, na bateria Zuma e Geomar nos coros.
Disco “Deus Vive”
Apresentou “Génesis” baseando-se na história bíblica sobre a origem do Mundo e da humanidade. Deste disco recordou, ainda, a infância em “Ndengue da Banda”. A princesa Diana foi chamada a cantar “Tambi”, uma composição inspirada na morte da princesa do povo e da visita efectuada ao país, em 1997, onde constatou o impacto negativo das minas.
O convite à dança e animação surgiu com “Mbora Bailar”, mas outro convite mais reflexivo e com mensagem de respeito às diferenças que causam injustiças sociais surgiu em “Dreadloclks na City”. Com a plateia a acompanhar o coro “deixe o meu cabelo”, durante a execução deste tema houve uma forte agitação na pista, com os “rastas” a tirarem os gorros para balançarem as “guedelhas”.
Na mesma linha que apela ao respeito pelo homem rasta, Legalize voltou a elevar a fasquia em “Reggae Rasta”, com um teor que fala do sentimento de paz e amor que este transmite, que foi vivido naquela noite de reggae. O fecho do concerto foi com “Reggae Negro”, uma versão de “Rumba Negro” de Urbano de Castro, que aproximou Legalize ao meio dos amantes da música angolana e o afastou por instantes do reggae.
Tudo pode virar reggae
A música”Reggae Negro”, na voz de Legalize, provou que tudo pode virar reggae e manter a alma da origem. Foi assim que no campo das experimentações e versões, Legalize pegou em “Belina” e “Pangiami” transformando-as em reggae para surpresa da plateia.
Legalize não faz concertos de reggae sem incluir Bob Marley e Peter Tosh, por isso, quando interpretou canções destes gigantes da música mundial, foi acompanhado, pelos presentes. Do rei do reggae falou da guerra em “War” e entrou no coro de “Three little birds”, que diz que tudo pode ficar bem. Depois, com o jovem Gilson na guitarra, cantou os sons da liberdade em “Redemptions songs”, para culminar com a viagem marleyiana com “No Woman no cry”. De Peter Tosh, fez uma canja em “Legalize it”.