LUANDA ACOLHE PRIMEIRA EXPOSIÇÃO DE ARTE TÊXTIL
“Okolukolo”, que representa o dançarino mascarado e protector dos “tundanjes” (jovens circuncidados) do ritual Mukanda, é uma das oito obras que a artista plástica Carla Peairo, natural e residente em Benguela, vai apresentar na primeira edição da exposição colectiva de Arte Têxtil Contemporânea Angolana, a decorrer a partir de sexta-feira até 30 de Setembro, em Luanda.
A obra de Carla Peairo, com um metro de altura e 50 centímetros de largura, representa um dos animadores da Mukanda, ritual de circuncisão, de passagem da puberdade à idade adulta, que é prática comum na cultura africana.
A exposição vai ter lugar no Instituto Guimarães Rosa (Centro Cultural Brasil-Angola) e, além de Carla Peairo, contará com a presença das artistas plásticas Ana Paula Sanches, Maria Belmira Gumbe, Maria Cristino e um artista convidado do Brasil.Intitulada “Okutunga” nas línguas nacionais Kimbundo e Umbundo, que significa “Tecer e edificar”, numa primeira fase a exposição conta com o apoio do Instituto Guimarães Rosa / Centro Cultural Brasil – Angola e da Textang II.
A curadora Carla Peairo, que confirmou ao Jornal de Angola a sua presença no certame, disse que o objectivo da exposição é divulgar o trabalho que se faz em arte têxtil contemporânea em Angola.Revalorizar a técnica tradicional das artes têxteis, para despertar o público para a importância que têm os têxteis nas sociedades, constitui outro objectivo da exposição, que vai servir, também, para espelhar o potencial existente e o contributo das artistas nacionais no desenvolvimento da indústria têxtil e da moda.
Informou que a arte têxtil hoje já não é só do domínio doméstico. Não são só as mulheres em casa que bordam e tecem mantas, já é considerada uma arte no domínio das galerias.Reavivar a arte no país Pelo mundo fora, referiu, já há grandes exposições de Arte Têxtil Contemporânea e o que “nós queremos” fazer é reavivar esta arte em Angola, tendo destacado a presença em Luanda de artistas de renome nacional, como são os casos de Maria Belmira Gumbe, Ana Paula Sanches e Marisa Cristino.
“Para os próximos dias tenho o projecto de exposição que está incluído na Arte Têxtil Contemporânea. Tenho estado a trabalhar nestes últimos meses neste projecto. A meta é levar entre cinco e oito obras”, adiantou.
A exposição, disse, vai fazer lembrar as suas participações em grandes eventos realizados quer em Angola, quer na Europa (Suíça), como são os casos da “A Arte e Fair Play”, no Museu Olímpico Internacional de Lausanne (1996), “Memórias vivas”, no Palácio das Nações Unidas, em Genebra, “Europ’Art”, na Feira Internacional de Arte de Genebra, “Turismo África 06”, 1ª Edição, na Palexpo de Genebra, em 2006, entre outros.A meta, salientou, é realizar uma exposição que tenha uma grande importância a nível internacional e, sobretudo, que seja educativa para o público angolano, sobretudo para estudantes de arte.Segundo a fonte, nunca houve uma exposição em Angola especificamente direccionada para a Arte Têxtil.
Esclareceu que quem pratica a tapeçaria, tecelagem ou bordado é inserido em exposições colectivas em Angola, mas o objectivo desta exposição “Okutunga” é, precisamente, de criar um movimento que seja especificamente direccionado à arte têxtil, que abrange as técnicas de tecelagem, tapeçaria, bordado, croché, entre outras.Reafirmou que é a primeira vez que participa de uma exposição do género.
Explicou que esta é a primeira edição e o objectivo é fazer com que haja outras edições com mais artistas que se interessem abordar tais técnicas.Carla Peairo defendeu a criação de bienais de Arte Têxtil Contemporânea em Angola.
Ao referir-se ao número ínfimo de artistas (4) que vão participar pela primeira vez na exposição, esclareceu que o número se justifica por ser a primeira vez que isso acontece no país.”O número de participantes justifica-se por ser a primeira edição.
As artistas confirmadas são as que mostraram disponibilidade e vão servir de amostra de que, de facto, em Angola, também, se pratica a arte têxtil de forma profissional ou semi-profissional”, esclareceu.Sobre o que está a preparar especificamente para mostrar nesta primeira exposição a decorrer na capital do país, Carla Peairo deu a conhecer que está a preparar obras que têm como raiz os símbolos gráficos da África Negra e feitas em técnicas mistas.
Explicou que está a preparar obras que têm pintura, colagem e bordado. Esclareceu que são técnicas trabalhadas em serapilheira. “Para a exposição vou apresentar entre cinco e oito quadros, à semelhança das artistas de Luanda”.