PRÉMIO CAMÕES ENTREGUE A CHICO BUARQUE
O músico e escritor brasileiro Chico Buarque de Holanda recebeu, ontem, o Prémio Camões, quatro anos depois de ter sido distinguido, numa cerimónia realizada no Palácio de Queluz, que simboliza o regresso aos valores democráticos no Brasil.
A cerimónia de entrega nunca se realizou depois de o artista ter feito várias críticas às políticas culturais do anterior Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que na altura se recusou a assinar o diploma.
A cerimónia aconteceu às 16h00, no Palácio Nacional de Queluz, no Concelho de Sintra, e esteve integrada na visita oficial a Portugal do Presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que começou na sexta-feira, dia 21, e decorre até hoje, e será presidida pelos Chefes de Estado do Brasil e de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
Chico Buarque foi galardoado com o Prémio Camões em 2019, mas a cerimónia de entrega nunca se realizou depois de ter feito várias críticas às políticas culturais do anterior Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que na altura se recusou a assinar o diploma, cuja entrega formal estava prevista para Abril de 2020.
O autor de “Estorvo e Leite Derramado” é um apoiante do Partido dos Trabalhadores (PT), defensor de Luiz Inácio Lula da Silva, que foi novamente eleito em Outubro do ano passado. Chico Buarque foi também um crítico do Governo de Jair Bolsonaro.
Entretanto, a pandemia da Covid-19 “obrigou” ao adiamento da cerimónia de entrega do prémio, que foi agora remarcada, coincidindo com as celebrações do 25 de Abril e com a visita de Estado, de cinco dias, de Lula da Silva a Portugal.
Sobre a entrega do Prémio Camões de 2019 que agora se concretiza em Portugal, a ministra brasileira da Cultura, Margareth Menezes, considerou que simboliza o regresso aos valores democráticos no Brasil, lembrando que Chico Buarque é “um artista que sempre se envolveu e se colocou na luta a favor da democracia” e contra a ditadura, através das suas obras.
Também a editora Clara Capitão, do grupo Penguim Random House Portugal, que edita a obra de Chico Buarque, na chancela Companhia das Letras, destacou que a entrega do prémio ao escritor e músico brasileiro “depois de anos de espera, significa que o Brasil voltou a viver um tempo de democracia e esperança”.
Nos termos do Regulamento, Portugal e o Brasil organizam de forma alternada as reuniões e as cerimónias de entrega deste galardão.Depois de Chico Buarque, foram distinguidos o professor e ensaísta português Víctor Manuel Aguiar e Silva (2020), a escritora moçambicana Paulina Chiziane (2021) e o escritor brasileiro Silviano Santiago (2022).