ESPECIALISTA TENCIONA TRANSFORMAR MBANZA KONGO EM CENTRO DO TURISMO CULTURAL
O professor espanhol de Antropologia e especialista em Turismo Cultural, Joan Riera, revelou, há dias, em Mbanza Kongo, que está a constituir uma fundação, cujos fundos a angariar serão destinados a projectos que visam a criação de infra-estruturas para o fomento do turismo cultural e antropológico naquela cidade histórica.
“Pretendemos atrair dinheiro de grandes empresários para restaurar o Património Histórico de Mbanza Kongo, enquanto Património Mundial da Humanidade”, disse Joan Riera, para quem o turismo tem de ser sustentado pelo sector privado, devendo o Estado atender outras prioridades, como a saúde e educação.
Falando no quadro de uma visita realizada à antiga capital do Reino do Congo, onde tomou contacto com vários monumentos e sítios históricos, Joan Riera defendeu a necessidade de se criar um sistema de exploração do turismo inclusivo, em que os turistas pagam pelos serviços directamente às populações, para que estas sirvam de guardiãs do acervo cultural da região.
“As casas rústicas, estradas e cemitérios antigos, assim como a cultura abstracta, intrínseca nas danças, músicas, língua e rituais que existiam antes da cristianização consubstanciam os principais factores de atracção dos visitantes nacionais e estrangeiros”, notou.
Referiu que a sua fundação vai, igualmente, contribuir para a melhoria do saneamento básico da cidade de Mbanza Kongo, através do aumento do número de contentores, além de levar a cabo acções que visam consciencializar as pessoas para o respeito e valorização das autoridades tradicionais, por serem os guardiões da tradição.
O especialista em Turismo Cultural defendeu, ainda, a necessidade de se classificar as construções e templos antigos da região, bem como a valorização dos fazedores de artes como artesãos, pelo facto de constituírem elementos importantes de atracção turística.
“Noto que faltam ideias de como atrair turistas. Por isso, é importante atrair especialistas em valorização da cultura. Por exemplo, pensa-se que as ruínas de Kulumbimbi (primeira igreja construída a Sul do Sahara) constituem um monumento interessante, mas na Europa há mais de mil destas igrejas. Portanto, trata-se apenas de um monumento simbólico, mas o mais interessante são as pessoas, as casas antigas e a mistura entre o antigo e a cultura abstracta. E é isso que dá a Mbanza Kongo o valor único e excepcional”, frisou.
Lembrou que o valor excepcional de Mbanza Kongo, enquanto Património Mundial da Humanidade, reside na cultura viva, na língua kikongo e na arte, que carecem de valorização, divulgação e exploração.
“Os turistas vindos da Europa e Ásia estão interessados em conhecer a cultura viva, mas para tal é necessário criar um protocolo de actuação. O en-contro com as autoridades tradicionais e a exposição da música e dança local pode atrair mais turistas com poder financeiro, dispostos a mobilizar recursos para alavancar o turismo”, elucidou.
Joan Riera, que visitou Mbanza Kongo em 2018, pela primeira vez, disse ter criado já uma agência de viagem e turismo, em Lu-anda, com o objectivo de auxiliar o processo de di-vulgação e preservação do Centro Histórico de Mban-za Kongo.
Joan Riera possui mais de 25 anos de experiência de trabalho na reabilitação cultural em África, em países como Nigéria, Camarões, Gabão e República Democrática do Congo (RDC).