FESTIVAL DOCLISBOA REÚNE BIOGRAFIAS E RETRATOS DA CONTEMPORANEIDADE
O festival DocLisboa, hoje apresentado, conta com vários retratos e histórias de vida, da escritora Margarida Tengarrinha ao compositor Wang Xilin, da cineasta Agnès Varda ao encenador Luís Miguel Cintra, que são vislumbres do passado e registos de contemporaneidade.
A 21.ª edição do festival DocLisboa está prevista para os dias de 19 a 29 de outubro e a programação foi revelada hoje na íntegra, depois de, nas últimas semanas, terem sido anunciados vários destaques.
A competição portuguesa conta com nove filmes, a maioria em estreia mundial, entre os quais “Clandestina”, documentário de Maria Mire sobre a escritora, professora e resistente antifascista Margarida Tengarrinha, e “Fogo no Lodo”, de Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca, sobre Unal, “uma aldeia de produtores de arroz que foram os primeiros a envolver-se na revolta armada contra o colonialismo português na Guiné-Bissau”.
A extensa programação é atravessada por outros retratos documentais, como “Verdade ou consequência?”, de Sofia Marques, sobre o encenador Luís Miguel Cintra, “Ospina Cali Colômbia”, de Jorge de Carvalho, que recupera um encontro com o cineasta Luis Ospina em Lisboa, e “Big Bang Henda”, de Fernanda Polacow, sobre o artista angolano Kiluanji Kia Henda.
Anteriormente, o festival tinha já anunciado uma retrospetiva sobre cinema produzido nos Estados Unidos nos anos de 1930, nos anos de recuperação da “grande depressão” da economia americana.
É o retrato de uma época em que “uma aliança de cineastas radicais lutou para criar um novo género de documentário social”, com filmes de realizadores como Joris Ivens, Paul Strand, Pare Lorentz e Elia Kazan, explica a organização.
O DocLisboa contará ainda com, entre outros, “Theater of Thought”, de Werner Herzog, “Menus Plaisirs — Les Troisgros”, de Frederick Wiseman, “Portrait of Gina”, um filme-piloto de Orson Welles sobre a atriz Gina Lollobrigida, e “Viva Varda!”, de Pierre-Henri Gibert, sobre a realizadora belga Agnès Varda.
Destaque ainda para o filme luso-brasileiro “Diário de um crime”, de Pavel Tavares: “O que é um documentário (um documento sobre a realidade) para alguém sem documentos? O filme grita o absurdo da burocracia”, refere a sinopse.
Entre as atividades paralelas ao festival, está previsto um debate sobre novas perspetivas para a coprodução entre Portugal e os países africanos de língua oficial portuguesa.
A abertura do DocLisboa será com o filme “Man in Black”, de Wang Bing, sobre o compositor e dissidente chinês Wang Xilin, de 86 anos, que foi convidado a estar em Lisboa.
A 21.ª edição do DocLisboa encerrará com “Baan”, a primeira longa-metragem de ficção de Leonor Teles.