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MUSEU ETNOGRÁFICO DO LOBITO EM MAL ESTADO

 MUSEU ETNOGRÁFICO DO LOBITO EM MAL ESTADO

Museu corre o risco de perder o acervo museológico devido à infiltração das águas das chuvas.

O Museu Etnográfico do Lobito, na província de Benguela, que conserva peças com a história da etnia Ovimbundo, corre o risco de perder o acervo museológico devido à infiltração das águas das chuvas pelo tecto, pondo em risco as 1.500 peças existentes, disse, ontem, no Lobito, o técnico de museologia, José Katchilingui.

Em declarações ao Jornal de Angola, José Katchilingui disse ser importante olhar para a reabilitação do imóvel, para continuar a conquistar, cada vez mais, o interesse de turistas e de outros visitantes, entre os quais estudantes que têm como principal motivação a pesquisa.

“Os programas de valorização de emblemáticas construções arquitectónicas e a preservação histórica da cidade deve começar a pensar em dar valor a este património que representa aspectos culturais da região. Só desta forma, é que será possível a conservação e preservação da história e tirar o maior proveito das peças expostas e do vasto património da instituição”, frisou o técnico. O edifício, disse, tem muito a ver com a narrativa do surgimento da cidade do Lobito, cujas acções que mais contribuíram para a modernização urbana e o seu crescimento datam das décadas de 1930/40, começando desde a criação do sistema modal rodoviário e ferroviário, que, em paralelo, foi dando surgimento aos espaços públicos de lazer e seu imobiliário (jardins, praças e monumentos).

O cidadão português com “coração lobitanga”, Francisco Castro Rodrigues, um engenheiro que esteve ligado aos Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB), foi dos impulsionadores das pesquisas, recolha e conservação da riqueza material que dá corpo ao actual Museu de Etnografia do Lobito que, mesmo com a saída das autoridades coloniais, evitou à dispersão das peças então existentes, tendo-as removido do seu antigo edifício para a sede da Administração do Lobito.

O acervo passou por vários edifícios, como o Banco Nacional do Lobito, a famosa Casa Madame Berman, de uma cidadã britânica que, na hora de partida para a terra natal, ofereceu a residência para que servisse de casa de cultura, até que se fixou no actual edifício.

As peças históricas da etnia Ovimbundo é a maior parte, existem outras da cultura Tchokwe, Kimbundu, Fioti, Bakongo, mesmo que seja em pequenos números, apontando para 30 a 45 por cento de espólio proveniente da região étnica Lunda-Tchokwe e do Museu Nacional de Antropologia, situado na capital do país, representando a historiografia nacional.

Há mais de 30 anos que deixou de receber peças. Recentemente um cidadão ofereceu uma peça denominada Oholo (malmita/ terno), no qual se podia colocar o leite natural de vaca e pirão para servir de pequeno-almoço.

O museu deveria dispor de verbas para a compra das peças nas comunidades, ainda assim, tem sido feito um trabalho contínuo para a conservação e prevenção do acervo, com a limpeza e desinfestação.

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